terça-feira, 31 de janeiro de 2012

A vida numa casa de vidro

Life In A Glass House (Radiohead)


Uma das canções que transformou o quinteto de oxford em vanguarda, reparem como ela destoa - harmonicamente e conceitualmente - de todo o resto do disco e da discografia da banda. 
A canção é construida cheio de espaços vazios, enchertada de trompetes e saxofones guturais.

O título: "Vida numa casa de vidro" traz uma metáfora interessante.
A idéia de casa é de abrigo e proteção, lugar onde o individuo se sente bem, no seu canto, então quando se traz a ideia duma casa de vidro, tudo é exposto, a sua vida, você mesmo se torna palhaço do se prórpio circo, num macabro baile de sadismo.
Toda a sensação de conforto e proteção é derrubada. 
Thom Yorke assim como Kafka "é um homem nu entre os vestidos."

No seu condomínio, ou melhor dizendo, no seu cativeiro psicológico ele parece ser o único sem lugar para se abrigar e se esconder dos seus demônios.
Alguém sempre está ouvindo.... na escuta.

Alguém sempre está espiando, falando.
Dessa forma Yorke fez valer a tese do George Orwell.

Certa vez Thomas disse que o "Amnesiac" era algo como um baú velho encontrado no porão,
pois bem, essa afirmação encontra seu ponto de ebulição justamente nessa faixa genial
onde, toda essa atmosfera old school, jazzista, retrô
é elevada ao máximo.



É também a minha preferida do álbum Amnesiac.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

O suporte da música

o suporte da músicao suporte da música pode ser a relação 
entre um homem e uma mulher, a pauta 
dos seus gestos tocando-se, ou dos seus 
olhares encontrando-se, ou das suas 

vogais adivinhando-se abertas e recíprocas, 
ou dos seus obscuros sinais de entendimento, 
crescendo como trepadeiras entre eles. 
o suporte da música pode ser uma apetência 

dos seus ouvidos e do olfacto, de tudo o que se 
ramifica entre os timbres, os perfumes, 
mas é também um ritmo interior, uma parcela 
do cosmos, e eles sabem-no, perpassando 

por uns frágeis momentos, concentrado 
num ponto minúsculo, intensamente luminoso, 
que a música, desvendando-se, desdobra, 
entre conhecimento e cúmplice harmonia. 

Vasco Graça Moura, in "Antologia dos Sessenta Anos"

C.S Lewis

E possível que dediquemos a nossos amores humanos a fidelidade devida apenas a Deus. Eles então se tornam deuses: então se tornam demônios. Irão assim destruir-nos e também destruir a si mesmos. C. S. Lewis

Sound of Silence



Hello darkness, my old friend,I've come to talk with you again,Because a vision softly creeping,Left its seeds while I was sleeping,And the vision that was planted in my brainStill remainsWithin the sound of silence.
In restless dreams I walked aloneNarrow streets of cobblestone,'Neath the halo of a street lamp,I turned my collar to the cold and dampWhen my eyes were stabbed by the flash of a neon lightThat split the nightAnd touched the sound of silence.
And in the naked light I sawTen thousand people, maybe more.People talking without speaking,People hearing without listening,People writing songs that voices never shareAnd no one daredDisturb the sound of silence.
"Fools" said I, "You do not knowSilence like a cancer grows.Hear my words that I might teach you,Take my arms that I might reach you."But my words like silent raindrops fell,And echoedIn the wells of silence
And the people bowed and prayedTo the neon god they made.And the sign flashed out its warning,In the words that it was forming.And the sign said, "The words of the prophets are written on the subway wallsAnd tenement halls."And whisper'd in the sounds of silence.

Olá escuridão, minha velha amiga
Eu vim para conversar com você novamente
Por causa de uma visão que se aproxima suavemente
Deixou suas sementes enquanto eu estava dormindo
E a visão que foi plantada em minha mente
Ainda permanece
Dentro do som do silêncio

Em sonhos sem descanso eu caminhei só
Em ruas estreitas de pa
ralelepípedos
Sob a áurea de uma lamparina da rua
Virei minha gola para o frio e a umidade
Quando meus olhos foram esfaqueados pelo flash de uma luz de neon
Que rachou a noite
E tocou o som do silêncio

E na luz nua eu enxerguei
Dez mil pessoas talvez mais
Pessoas conversando sem estar falando
Pessoas ouvindo sem es
tar escutando
Pessoas escrevendo canções que vozes jamais compartilham
E ninguém ousou
Perturbar o som do silêncio

"Tolos," digo eu, "vocês não sabem
O silêncio é como um câncer que cresce
Ouçam as palavras que eu posso lhes ensinar
Tomem meus braços que eu posso lhes estender"
Mas minhas palavras como silenciosas gotas de chuva caem
E ecoaram
Nos poços do silêncio

E as pessoas
 se reverenciaram e rezaram
Para o Deus de neon que elas criaram
E um sinal faiscou o seu aviso
Nas palavras que estavam se formando
E o sinal disse: "As palavras dos profetas estão escritas nas paredes do metrô
E nas salas dos cortiços
E sussurraram no som do silêncio"